O princípio da seleção
Os homens escolhidos por
Jesus eram pessoas comuns — pescadores, coletores de impostos e outros. Quando
chegou a hora de escolher os que deveria treinar, passou a noite em oração.
"Num daqueles dias, Jesus saiu para o monte a fim de orar, e passou a
noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze
deles, a quem também designou apóstolos" (Lc 6.12,13).
Este é um dos pontos
importantes da seleção. Jesus não pegou a primeira pessoa que demonstrou
interesse; para Ele, aquele era um momento decisivo, com conseqüências
imprevisíveis. Conseqüências eternas. Não podemos mensurar; sabemos, no
entanto, que os resultados daquele ministério se mantêm até o dia de hoje e,
pela graça de Deus, continuarão na vida de muitas pessoas no porvir.
Qualquer pessoa que queira se
envolver no ministério de fazer discípulos (Mt 28.19) deve analisar o aspecto
seletivo com atenção. É mais fácil pedir a alguém para entrar que do que para
sair: através da seleção evitam-se desapontamentos e tristezas na escolha da
pessoa errada.
Por que Jesus escolheu alguns
homens tão humanos e sujeitos a fracassos? Imaginemos uma escolha feita com
base na cultura, na capacidade intelectual e no poderio econômico: pessoas que
nunca foram assediadas pelo medo, que nunca erraram ou disseram coisas erradas,
que nunca sofreram enfermidades nem tiveram desejos, problemas e pecados. Como
reagiríamos? Nunca nos identificaríamos com gente assim. Seríamos tentados a
deixar tudo de lado e acharíamos que seria bem melhor continuar a viver nossa
vida medíocre de sempre!
Não eram apenas homens
comuns, eram diferentes uns dos outros; não doze cópias! Não eram doze
soldadinhos de chumbo moldados na mesma forma, doze réplicas de retratos
impressos na mesma máquina, ou doze estátuas de plástico reproduzidas
igualmente. Um exemplo disso é que Simão, o Zelote, odiava os romanos que
governavam a Palestina, enquanto Mateus, coletor de impostos, trabalhava para
Roma.
O que depreendemos disso? Que
lições práticas inferimos desses exemplos? Uma lição parece óbvia: ao fazermos
discípulos, não devemos selecionar os que têm temperamentos e personalidades
iguais aos nossos, nem escolher apenas os que agem de maneira cordial e que se
encaixam em nossos padrões de vida. Sempre é bom ter na equipe alguns
"cabeças-duras" ao lado de pessoas calmas e estudiosas.
A obra de Cristo tem aspectos
multiformes e, às vezes, uma pessoa rude e disponível se encaixa mais
adequadamente numa tarefa específica do que um filósofo erudito, e vice-versa.
Deus ama a variedade. Você pode encontrar na natureza rosas selvagens ao lado
de violetas azuis, palmeiras e pinheiros, cactos e magnólias, e um campo de
girassóis. No zoológico, maravilhamo-nos com a variedade de animais: a girafa,
o hipopótamo, a gazela, o macaco, o bem-te-vi e a águia. Na hora de escolher
homens e mulheres para discipular, é necessário abandonar nossa propensão ao
conformismo e seguir o exemplo de Jesus.
Os homens que Jesus escolheu
eram chamados de galileus, a quem os sofisticados irmãos de Jerusalém
consideravam provincianos e atrasados. Eram trabalhadores rudes, comparados aos
filósofos e aos eruditos da cidade grande. Por saberem pouco, eram mais
facilmente ensináveis do que a elite cultural de Jerusalém. Não estou afirmando
que Jesus despreza aqueles que têm cultura e conhecimento. Ele conversou
durante um bom tempo com Nicodemos, membro do sinédrio e mestre em Israel. Mais
tarde escolheu a Saulo, de Tarso, e o colocou como líder da igreja.
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